sábado, 2 de outubro de 2010

Nossa Herança


Porque sabemos que se a nossa casa terrestre deste tabernáculo se desfizer, temos da parte de Deus um edificio uma casa não feito por mãos, eterna nos céus. II Cor. 5:1

É interessante como nos preocupamos com os bens terrenos. Nosso corpo um dia fenecerá diante da fragilidade humana da qual estamos sujeitos.
Nossos bens materiais acumulados durante a vida, sequer descem a sepultura conosco. Tudo será desfeito.
Ainda guardo com carinho alguns pertences de parentes próximos. Não possuem grande valor financeiro, mas me recordam pessoas que amei e respeitei. Estes objectos herdados me são por demais preciosos. Tenho ainda a luva que minha mãe usou em seu casamento,tenho também alguns copos de cristal que foram de minha avó matrna, ainda tenho objectos e pequenos mimos de minha avó paterna, livros de meu avô e de meu pai, trabalahos manuais executados com esmero e muito capricho.
Minha mãe, voraz leitora de livros sempre me recorda “... quando eu morrer meus livros ficam pra você”.
Mas a exemplo do que a Palavra me exorta, prefiro conservar uma herança superior. Investir em valores que são eternos, lembrando que este investimento começa aquí. Aprecio a lembrança nostálgica das luvas de minha mãe, porém seus exemplos de vida espiritual me são uma herança da qual reconheço como mais excelente. Os copos de cristal ainda me recordam que relacionamentos são sempre delicados e devem ser transparentes e brilhantes como os copos de minha avó materna. Os mimos de minha avó patrna são lembranças vívidas de profundo amor e dedicação. Os livros de meu avô sempre cheios de anotações, concordâncias, discordâncias e protestos me valem mais como a lembrança de um homem de lindos olhos azuis com um carácter intocável e um bom humor invejável – exemplo a ser imitado. Os trabalhos de meu pai carrego aquí dentro de minha Bíblia, seus traços perfeitos de artista, letra quase que desenhada pelo gráfico e excelente assistente evocam a diligência, serviço e lealdade.
Finalmente posso ainda, em vida ver minha mãe lendo e comentando excelentes livros. Mantendo seu amor ao Senhor vivo e intenso.Melhor que os livros são as orações que sobem diáriamente por mim e toda família – esta herança de carácter espiritual e relacional é, sem sombra de dúvida, uma herança de valor etrnal.
Mesmo quando nossa vida trminar aquí temos uma promessa de herança que não passa pela mão de homens, é experimentado no íntimo e vivenciada na eternidade.
Oração: Obrigado Senhor por tudo que tens reservado para nós na casa etrna. Ajude-nos a reter a herança que vale a pena ser mantida pois não perece e da mesma maneira produzir um legado a nossos filhos.

- Waner Maia T. Nunes –

Desembarançando os Fios

Havia uma tecelagem onde se fabricavam tecidos muito finos. Quando em dado momento os fios se embaraçavam, o operador devia tocar uma campaínha, para ser atendido por um funcionário especializado, que punha as coisas novamente em ordem.
Certa ocasião, entretanto, depois de um rapazinho ter pedido o auxilio do funcionário especializado e recebido assistência, um operário antigo na fábrica achou que ele próprio já sabia o suficiente, e podia passar sem o auxilio especializado. Então, quando novamente os fios se embaraçaram, ele mesmo tentou arrumar.
Seus fios, porém, ficaram terrivelmente emaranhados e o estrago foi muito grande. Quando, enfim, ele chamou o especialista, disse-lhe: “ Mas eu fiz o meu melhor”! O especialista replicou: “O seu melhor é chamar por mim.”
Quantas vezes nós tentamos solucionar os problemas da vida de nós mesmos. Nós achamos que “nós sabemos”. Quanto mais rapidamente eles seriam resolvidos se os levássemos ao Divino Especialista. “Fazer o nosso melhor” é chamar pelo Mestre.
Essa é a mensagem que Deus tem para você. Se você se encontra num beco sem saída, e não sabe o que fazer para resolver seu problema, você não que a ocasião é certa para buscar ajuda de um Deus que tudo pode?
Ele não quer vê-lo debatendo-se em tensão, angústia, preocupação e desespero. Ele quer vê-lo calmo, tranquilo, desfrutando da vida que Ele lhe deu, descansando n’Ele, confiante de que Ele pode resolver seu problema, pois para Ele não há impossibilidades. Disse que também a impossibilidade do homem é a oportunidade de Deus. Então porque lutar sóxinho?
Experimente buscar a Deus e tenha a certeza. Ele virá em seu socorro: “Entrega o teu caminho ao Senhor, confia n’Ele e Ele tudo fará”. Sl. 37:4
Permita que Deus faça por você o que você mesmo não pode fazer, porque Ele nunca desampara os que n’Ele confiam. Isso é o melhor que você pode fazer.

-(autor desconhecido)

HAJA MÚSICA

Celebra-se a 1 de Outubro o Dia Mundial da Música, que foi instituido em 1975, pelo International Music Council, uma O.N.G. (Organização Não Governamental), fundada em 1948 sob o patrocinio da UNESCO. Pretendia-se, assim promover os valores da paz e da amizade por intermédio da Música.
Estivemos na Escola Secundária de Mem Martins, onde nossa sobrinha LARISSA, foi agraciada como a melhor aluna do 12º ano. Que momento!
Parte do programa foi ouvir o Quarteto de Cordas do Conservatório de Sintra. Cinco temas de grande nível e com execução de mestres.
Lembrei-me das grandes músicas e dos mestres de Cabo Verde. Uma homenagem a todos!
Que dizer dos grandes hinos e coros da Igreja, que ao longo dos anos abençoam corações, promovem a paz, reforçam a amizade e sobretudo nos levam à Sua presença.
O Natal se aproxima rapidamente. Seria bom se neste ano de 2010 o celebrássemos com muita Música!
Creio sinceramente que daríamos um grande contributo à promoçao da Paz e Amizade, e o povo saberia mais uma vez que o MESSIAS é o Único Salvador.

Maestro, M Ú S I C A!

- Adérito Silves Ferreira –

Pastor

quinta-feira, 30 de setembro de 2010

De Volta

Após alguns meses sem publicar nada no blog da: familialima-ferreira.blogspot.com. decidimos retomar a partir de hoje, 29 de Setembro 2010.
Continuaremos com mesmo estilo de assuntos, utilizando sempre que possível e com autorização, artigos de familiares, colegas e amigos. Para abençoar e descontrair!
Pretendemos introduzir em breve uma meditação bíblica, destinada sobretudo, aos nossos emigrantes e estudantes universitários no país e na diáspora.
Também, procuraremos lembrar PRAIA, nossa querida cidade em fotos antigas e recentes.

Vossas orações,

No Seu amor,

- Adérito Silves Ferreira -

MEIO SÉCULO


Pela graça de Deus completo hoje, 29 de Setembro, 50 anos de vida!
Tenho paz com Deus, familia e irmãos. Esta manhã recebí saudações de muitas paragens. Minhas duas filhas, mães, irmãos, Igreja da Praia, cunhados,colegas e muitos amigos.

UM MUITO OBRIGADO A TODOS!

Cedo de manhã, a Ester me deu os parabéns. Oramos e agradecemos a Deus esses anos de vida. Reconhecemos Sua mão poderosa em todas as circustâncias.
Pedi a Deus mais anos, com boa saúde, bom testemunho,amor,paciência,bom senso, dinamismo, entrega, humildade – numa palavra, o espírito de Cristo!
Prometi ao Senhor mais oração,serviço,companheirismo e dedicação ao Seu Reino.
Pensando no apóstolo Paulo, e aceitando o seu conselho: “deixo as coisas de criança”.
Ninguém conte comigo para coisas que não edificam e não são motivo de benção e unidade!
Setembro é sem dúvida o meu mês. Nasci a 29 de 1960, sexta feira ao meio dia. Nosso casamento foi a 7 de Setembro de 1985, às 17 horas.
Então ,celebro com a ESTER as Bodas de Prata e ela comigo os meus 50 anos de vida.
Estou animado, feliz e pronto para nova largada. Com uma idade dourada! Que benção!

Até breve,

- Adérito Silves Ferreira -


sexta-feira, 14 de maio de 2010

Mãe que é Mãe

Tinha meus seis anitos quando um passeio de bicicleta terminou em acidente, que naquele tempo poderia ter contornos imprevisíveis.
Era final de tarde de uma quarta-feira, lembro como hoje, mais de quarenta anos depois, quando um homem tentou socorrer-me daquela situação, sacudindo com força a roda dianteira da bicicleta, vinda de Dakar, na tentativa de resgatar meu pé esquerdo preso pelos raios, mas, não resultou.
A situação se mostrou séria. Eu estava lá consciente, com dores, de short e sem camisa (ou seria bibe!), mais preocupado com aquilo que NINA me pudesse dizer em casa!
Conseguiram um alicate de corte num electricista da central eléctrica que morava por perto. Falo do bairro da Fazenda, cidade da Praia, em Cabo Verde, precisamente onde temos hoje os bombeiros municipais.
Chegamos noitinha ao hospital, com arquitectura diferente do actual H.A. Neto. No início do difícil curativo, ainda ví mámá entrar em desespero sala dentro da urgência. Adormecí para só acordar no dia seguinte, com a perna esquerda imobilizada, o que viria a prolongar-se por longos meses.
Bambudo, mámá pacientemente me transportava de três em três dias, a Riba Praia, para curativo.
Chegou Outubro de 67 do século passado, mámá e Dany, meu irmão, levaram-me ao primeiro dia de aulas na primeira classe, com a professora Tanchinha.
Escrevo estas linhas a doze mil pés de altitude a bordo de um dos boeings 747-400, da SAA, algures entre Joanesburgo e Luanda.
Quero pois ser grato a Deus pela senhora D. Laurinda Mendes Andrade Ferreira, MÁMÁ e VÓVÓ NINA, por aquilo que foi e é para nós.
Feliz Dia das Mães e, já agora, Feliz Aniversário Mámá!
Possa Deus conceder à D. Nina, muitos mais anos de vida, com saúde e muito fiel na comunidade de Fé.
Bem Haja!
 
- Adérito Silves Ferreira –

Onde está a Promessa?

Durante uma longa viagem, sentei-me ao lado de um oriental simpático. Cedo estávamos em conversa animada. A certa altura comentou ele: Voçês, ocidentais, querem ver acontecer tudo de um dia para outro. Para nós o decorrer do tempo é essencial. Aprendemos a esperar... a esperar por anos e até séculos.
                Ponderei a filosofia desse homem e concordei com ele em que a paciência do oriental faria bem aos ímpetos da realização e sede de resultados imediatos que tanta vez aceleram a existência.
                Uma das áreas de maior frustração na vida dos seguidores de Cristo é a respeitante as promessas que Ele nos fez. Tais promessas são de valor tão crítico para o nosso presente e futuro que nos exercitamos diáriamente na prática de contar com elas como certas e infalíveis. Pelo mundo evangélico ouve-se cantar esta quadra singela:
                Eu sei ser  verdade fiel.
                O que prometeu nosso Deus.
                Porque, crendo, provei desde há muito
                Ser fiel o que disse Deus.
               
                Mas é a própria Bíblia a acautelar-nos dos danos produzidos por uma espera prolongada.
                Um deles caracteriza-se pelo desânimo que nos aflige. Principalmente, quando a prosperidade do mundo secular parece acentuar a crise por que passamos. Olhando à volta vemos a pontualidade do mecanismo moderno e o ciclo da natureza: aviões de horário certo, apitos e sinos repetidos a intervalos rigorosos, uma previsão metereológica respeitável, a trajetória matemática dos planetas, o regresso prevísel de marés e de estações.
                Bem queríamos transferir ao terreno das promessas achadas na Bíblia essa periodicidade estabelecida e uma certa dose de urgência que nos trouxe já a solução pretendida.
                Conhecedor da nossa natureza, Deus incluiu na Bíblia repetidos incentivos ao ânimo, a não desfalecer, a prosseguir, a combater o bom combate, acabar a carreira... e guardar a fé.
                Outras vezes, porém, acomete-nos de fora o ataque à confiança nas promessas de Deus. A isto se refere a Segunda Epístola de Pedro: ... Nos últimos dias virão escarnecedores, andando segundo as suas próprias concupiscências, e dizendo: Onde está a promessa de Sua vinda? (3:3,4)
                Esse descrédito público não só afeta a nossa fé, mas pode fazer estremecer a alma. Quando pressões exteriores ridicularizam e questionam pontos em que estabelecemos a nossa fé, entramos numa atmosfera crítica. Ela é melindrosa porque passa a ser um novo ponto de partida, um convite aberto a duas atitudes conflituosas. A primeira é a que cavemos mais fundo os alicerces da fé, estabelecendo-os na Palavra de Deus, contra todas as delongas, bem como as ironias e a troça do mundo. A segunda é negativa, pois, induz a aceitação da dúvida, leva-nos a perguntar se não teremos crido, servido e amado a Deus em vão.
                Onde está a promessa? Espicaçam-nos os homens. Mas a questão deve ser outra, pois a promessa deve ser outra, pois a promessa divina está onde sempre esteve: viva e diante de nós: aguarda,  apenas a hora da solução completa e enevitável. Respondamos a essa pergunta com uma outra: Quem fez a promessaa que voçê se refere?
                Imediatamente saímos da esfera humana, do sector onde a palavra dada por vezes baila com as brisas da conveniência ou oscila com o pêndulo do carácter defeituoso. Quem fez a promessa? DEUS. Da que se refere ao regresso do Seu Filho Jesus a que assegura forças e graça para cada dia, todas as promessas de Deus tem actualidade pulsante. Façamo-las nossas tais como Deus ordena que sejam.
              
  - Dr. Jorge de Barros –

GLORIOSO SLB!

Desde que me lembro Adérito, sou benfiquista e também Académica! Com esta idade não dá para mudar mesmo!
Depois de uma visita encantadora ao Mussulo, ilha mesmo em frente a baía de Luanda, quinze minutos de barco-rápido, voltamos às pressas à cidade  para o último jogo da época do Sport Lisboa e Benfica!
Era a partida do 32º título e todos os holofotes estavam na Catedral! Torcedores de toda génese – que é mesmo dizer do Braga, Porto ou Sporting! Porém, milhares da Àguia!
Rio Ave estava lá, não para facilitar a festa! Talvez até para retardá-la. Mas, nós do Glorioso, conhecemos e praticamos o provérbio: “até no lavar dos cestos é vindima”.
Mas, voltando ao bairro Mira-Mar em Luanda, estávamos lá com toda familia do primo Daniel Simas, vestidos a rigor, com bandeiras, cascóis e almofadas – eles benfiquistas de sete costados, antecipando a celebração! Televisão OK, partida iniciada!
Tínhamos festa preparada com comes, sumos e até champanhe de maçã no congelador!
Começamos bem e da Madeira deram uma boa ajuda. Gritos ecoaram dentro de casa e nas ruas. Porém, surge aquela bola parada, que em nada beliscou o título, já no papo, mas, convenhamos que enervou um pouco.
Pensei no Graça, Dany, João, Kiki, Dex, Nhônhô, Miranda e Francisco, Hulda, D. Lena, Carlos, Pininha, Betinho, Carlitos Sá Nogueira, só para citar esses...  Araújo ao meu lado estava confiante!
Foi então que o artilheiro-mor e bota de ouro, Cardoso, com um tiro põe um ponto final em possíveis dúvidas se elas houvessem.
Foi o apito final. Com a família em alvoroço, a casa e ruas de Luanda entraram em delírio, e só dava mesmo: SLB, SLB, SLB, o GLORIOSO SLB! Campeões, nós somos  Campeões!
Foi festa noite dentro, com promessa de continuidade na Praia se Deus quiser.
Para o ano há mais.

- Adérito Silves Ferreira –

Não te Apoquentes

Ouví esta frase dos lábios de um dos profetas mais respeitados deste país: Rev. António Elias, que já está com o Senhor. Era um retiro de pastores e contei-lhe das mágoas e feridas pastorais.  Não te apequenes diante dos anões com os quais temos que conviver em nossa caminhada, disse o velho profeta. Nestes dias, a frase se tornou necessária para a minha alma, tendo em vista, de novo, o enfrentamento de factos semelhantes àqueles que anteriormente me feriram.
            Paulo, o apóstolo, afirmou que na formação de igrejas sempre encontraríamos certos obreiros que segundo ele poderiam ser qualificados com certos títulos ou adjectivos:
  1. Obreiros fraudulentos – Eles estavam na igreja de Corinto. A fraude é o símbolo da falsidade ministerial. Obreiros que tem seus trejeitos montados na hipocrisia, e sabem, como poucos, falsificar verdades, como típicos fraudadores, torcendo-as, usando uma linguagem tópica.
  2. Mercadejadores da Palavra – Também presentes em Corinto. Paulo afirmou que não se identificava com os que mercadejam a Palavra. Esses obreiros têm se multiplicado. Estes afrontam a teologia bíblica, paulina, que afirma que o ministério não é fonte de lucro, e sim a piedade. Gente que não cuida de gente, mas que se vende em adulação àqueles que procuram ser adulados.
  3. Falsos obreiros – Esses estavam na igreja de Filipos. Pessoas que adaptam o que crêem ao gosto daqueles aos quais querem conquistar; “como o mico do material hidraúlico,” pulam de galho em galho, ou de igreja em igreja, sempre encontrando o sujeito oculto deste texto de acolhê-los.
Lembro-me que a lista do Rev. António Elias era longa, mas me detenho aquí, para concluir com o que ele deixou de positivo, isto é, a menção ao tipo de obreiro que nós deveríamos ser: Obreiro que nada tem de que se envergonhar – Este é o modelo neo-testamentário (2 Tm. 2:15).
      Obreiro aprovado, pelo tempo, pela perseverança, pelos frutos, pelo carácter. Não se envergonha nem de seu passado nem de seu presente.
      Por onde passou deixou as marcas da lealdade, da fidelidade, da santidade, não só na sua igreja local, mas também nas instituições que eventualmente tenha servido. Obreiro que naneja a Palavra com sinceridade. Não pregador de encomenda, que aplica anestésicos nos ouvidos daqueles que pagam caro para ouvir o que querem, mas pregadores comprometidos com a mensagem, mesmo a custo de perdas. Pregadores cujo propósito é satisfazer aquele que os arregimentou.
      Sim, caros irmãos. Ainda bem que criei-me aos pés de homens desta qualidade. Portanto, quanto aos primeiros acima citados, quando eles surgem, algo logo me vem à mente: eles passarão! A obra de cada um será julgada pelo fogo. Diante do fogo, a palha não subsistirá.

      - Dr. L. Aguiar Valvassoura – 

sábado, 13 de março de 2010

Palmas e cruzes

Creio que todo aquele que tem proclamado fielmente o evangelho e exposto as Sagradas Escrituras, tem um apreço especial pelo Domingo de Ramos. Jesus foi aclamado, mas não aceito. Foi aplaudido, mas a Sua mensagem passou despercebida.
Quando o clamor se extinguiu e a multidão desapareceu, a cruz estava aguardando o Condenado.
Uma das maiores frustrações do ministério da pregação, vem do povo que elogia esforços, às vezes transborda em cumprimentos, mas não crê nem obedece à verdade que o orador proclama. As pessoas podem recomendar os seus sermões - considerando-os uma preciosidade - mas não seguirão com afinco o Cristo que se lhes prega.
Por vezes o louvor e o apoio apenas duram até o instante em que o pregador se lhes opõe. Quando a verdade lhes descobre o pecado, desmascara os ídolos, desafia comodidades ou contradiz ideias, voltam-se inesperadas e rudemente contra o pregador da mensagem.
As hosanas podem mudar prontamente para os gritos de "crucifica-O".
Os piores inimigos do nosso Senhor encontravam-se entre os homens mais religiosos e mais conservadores do seu tempo - os fariseus.
Guardavam as leis e executavam com deligência os rituais; mas eram capazes de odiar, contrariar, caluniar e matar com igual paixão.
Os da extrema direita eram tão arrogantes e cruéis como os da extrema esquerda. Que há de novo?
Numa igreja que pastoreei, após a nossa chegada, um dos membros desfazia-se em amabilidades.
Agitava palmas com energia. Mas, a primeira vez que o meu ministério discordou com o seu amor ao poder, as faíscas saltaram e os barrís de pólvora explodiram.
O elogio transformou-se em crítica. Os cumprimentos foram substituidos pela calúnia. E, entretanto, a pessoa professava superioridade espiritual na congregação.
Domingo de Ramos - o dia em que as multidões rejubilaram e Jesus chorou.
Domingo de Ramos - o dia em que as palmas foram agitadas e uma cruz talhada.
Domingo de Ramos - o dia de aclamações superficiais, prelúdio de uma agonia de abandono.
Sim, eu compreendo o Domingo de Ramos.
Mas o Domingo de Páscoa pairava no horizonte!

W. E. McCumber

Tempo de Loucura para breve


Temos recebido solicitações dos nossos leitores "reclamando" a longa ausência do Tempo de Loucura. 
Falamos ao psiquiatra e articulista, Dr. Daniel Ferreira, que nos prometeu retomar a série dentro de pouco tempo. Esta ausência prende-se com algum trabalho "extra" nestes últimos meses. Um até breve da parte dele. 

Para marcar a diferença


Há momentos que marcam e há momentos que são feitos para marcar. A Semana Especial de Jovens, da Igreja do Nazareno da Praia, que decorreu em Janeiro, deixou marcas por ter conseguido os dois objectivos enunciados no primeiro parágrafo deste post.
A Direcção da Juventude decidiu dar uma pedrada no tradicional e apostou numa semana virada para os jovens e para a Igreja. De um lado, procurou “solabancar” (crioulo aportuguesado) os jovens com assuntos que eles enfrentam no seu dia-a-dia ou que irão enfrentar. Do outro, levar a Igreja a abraçar os jovens como fazendo parte do todo que é o Corpo de Cristo.
O lema da campanha não podia ser mais desafiador: “Marca a Diferença”. Estava dado o mote para uma semana única. Os temas de cada noite captaram a atenção dos que chegaram para conhecer o posicionamento cristão em matérias tão actuais quanto pertinentes, como vida académica, saúde, meio ambiente, sucesso financeiro, violência.
Os conferencistas souberam tocar o cerne da questão e mostrar como os valores se perderam e o equilíbrio da vida em sociedade está posto em causa. Os jovens puderam ouvir experiências, conceitos, teses, abordagens variadas de especialistas em educação, economia, finanças, medicina, meio ambiente, mas sempre com uma base bíblica, com a qual facilmente se conclui: tudo foi feito por Deus e Ele o fez bem.
“Como ser relevante na sociedade de hoje?”, foi a pergunta que deixei aos jovens e à Igreja do início da semana. Durante os restantes seis dias foi possível compreender como ser relevante, marcando a diferença na vida académica, cuidando da nossa saúde, preservando o ambiente que nos envolve ou sabendo gerir, e bem, o dinheiro que ganhamos. Mas não se ficou por aqui.
Um dos dias marcantes foi a quarta-feira, quando os jovens escolheram alguns lugares na cidade da Praia para orarem pela urbe capitalina. À noite, além de imagens das visitas realizadas àqueles lugares, fomos desafiados a orar pela Praia, depois de uma extraordinária viagem pela história da capital até os desafios que hoje enfrenta.
A violência urbana, que nos últimos tempos ocupa o primeiro lugar da agenda nacional, também foi alvo de uma abordagem pedagógica e clara: a violência só acaba quando o homem a abandona, em todas as suas variantes, entregando a sua vida a Cristo. Aí não há conflito.
Mas quem não gosta da zona de conforto? Será que a Igreja em Cabo Verde não está numa zona de conforto? Estas foram as perguntas colocadas a uma Igreja moldada para marcar a diferença. A noite de sábado ofereceu um momento de reflexão em que todos fomos chamados a olhar ao redor e analisar o que temos feito, como cristãos e como Igreja.
O último dia chegou mais cedo do que esperávamos. Tudo foi muito rápido, mas tão proveitoso que os jovens decidiram brindar-nos uma noite de muito e maravilhoso louvor. Alguns deverão ter dito para com os seus botões: podíamos ficar aqui eternamente louvando a Deus.
A motivação que esta Semana Especial deixou nos jovens tem sido visível. É possível ser relevante neste mundo pós-moderno marcando a diferença, como Jesus que disse: “eu sou a luz do mundo”.

Pr. Adérito Silves Ferreira