segunda-feira, 7 de julho de 2008

Chuvas de Bênção!

Acordei esta manhã com saudades do “nosso pai”, falecido há 21 anos atrás!
Ouvia a Rádio Nacional nas primeiras notícias do dia, quando o meteorologista de serviço anunciou para hoje (3/7) chuvas para ilhas do sul, o que se confirma, pelo menos na cidade da Praia, desde há duas horas.
Papá, sempre foi “por nós”, até o dia que veio a receber Jesus como seu Salvador pessoal e partir em paz para a eternidade.
Em dias como o de hoje, com chuvas brandas, dava a ordem que todos nós filhos, e em casa naquele tempo, conhecíamos. Tragam o “Graça e Devoção”, (hinário usado naqueles dias) e cantemos: “chuvas de bênçãos teremos é a promessa de Deus… com incidência no coro: …”gotas benditas já temos, chuvas rogamos a Deus”!
A situação do nosso mundo se mostra complicada, com as crises do petróleo, dos cereais e o ambiental, só para citar essas.
Os governos procuram suavizar as consequências sobre as classes desfavorecidas, introduzindo “baixas”em alguns impostos e corrigindo (ou será introduzir) novas políticas sociais que produzam resultados mais imediatos, quais sejam evitar instabilidade social e ingovernabilidade.
Nosso povo diz com razão ser a “chuva nossa riqueza! Eu concordo, acrescentando, chuvas!!!
Dentro de dias minha Ilha estará de novo verde e com suas “cachoeiras” concorridas e mulheres na “ladêra”, na sementeira ou monda. É a esperança trazida pela chuva amiga! Em Novembro, poderemos ter espigas fartas e cuscus de milho de terra ou aquela “toresminha” de berma de estrada, fazendo companhia na volta a Santiago de Cabo Verde!
Oro a Deus pela chuva que podemos suportar e um ano de fartura!
Com papá cantávamos a plenos pulmões: “Chuvas de bênção teremos, Chuvas mandadas dos Céus; Bênção a todos os crentes, Bênção do nosso bom Deus”…
Tenho notícias de chuvas de bênção descendo sobre as nossas igrejas nas ilhas o que nos anima e confirma a Sua fidelidade. Na Praia, ELE tem sido tão bom para connosco e Seu Espírito fez morada entre nós.
Fechamos o ano eclesiástico com notas de gratidão por tudo o que o Senhor fez através dos Seus filhos! Ebenezer!
“ A graça do Senhor Jesus Cristo, e o amor de Deus, e a comunhão do Espírito Santo sejam com vós todos”. Amém

- Pastor Adérito Silves Ferreira –

Tempo de Loucura

Depois de algumas semanas de internamento psiquiátrico, o homem habitualmente prolixo sobre as suas façanhas reais ou ingenuamente imaginadas de um passado feito de factos militares, nesse dia, sem qualquer razão aparente, estava cabisbaixo, taciturno. Pretendíamos que ele estivesse se acomodando à enfermaria, como aliás já tinha acontecido noutras ocasiões.
Sem dúvidas que ele estava muito diferente. O estímulo à recordação de um tempo revoluto para sempre ou mesmo a oferta de uma ponta de cigarro não serviam para nada. Só a promessa de um passeio sempre almejado fez com que balbuciasse:
- Não pode ser. Isso é coisa de um outro tempo.
Perante a insistência de uma colega remeteu-nos para as notícias da véspera.
Assim como o nosso homem, a notícia chegara-me pela televisão no dia em que o país assinalava os seus 25 anos de independência. O Serviço ia mesmo ser transferido para Trindade. Num relance fui revendo as cenas.
No acto da segunda inauguração do “Hospital da Trindade” o responsável informou que o mesmo deixara de o ser para tornar-se uma “extensão do Hospital Agostinho Neto” onde vão ficar “a Psiquiatria, a Cozinha, a Lavandaria, o tratamento do lixo e uma morgue com quatro câmaras frigoríficas”.
A televisão ia mostrando as câmaras que eram abertas e fechadas enquanto se propalava sobre a dignidade devida ao doente mental.
Á minha frente, monótono, martelava o infeliz: - Não pode ser, isso é coisa de um outro tempo -.
De uma assentada pretendeu-se dar tratamento devido ao lixo hospitalar, aos defuntos (não se sabendo se serão levados ou se se espera que a “extensão” venha a abastecer as câmaras frigorificas instaladas) e aos doentes mentais. Minha mente fervilhava.
Talvez por demasiado caricato a imprensa não deu eco a um aspecto apresentado como argumento e até aceite por alguns. Há espaço suficiente e o espaço – como o nosso chão cuja independência comemorávamos – é nosso. Podemos perfeitamente dedicar-nos à criação de porcos e se alguém tiver mentalidade empresarial que pense numa verdadeira suinicultura que o mercado está garantido. É o próprio hospital a comprar toda a nossa produção. Fomento para isso não devera faltar. Fiquei triste.
Convenhamos que é muita coisa. Lixo, defuntos, doentes mentais e (agora) porcos. Tudo isso, não muito longe dos privados de liberdade de São Martinho.
E, agora o nosso homem, chorava:
Não, não pode ser. Isso é coisa de um outro tempo”. É, coisa de outro tempo! Tempo de loucura!

- Daniel Silves Ferreira –
Psiquiatra

SEGREDO IRRESISTÍVEL

Multidões tiveram de morrer, punidas pelo crime de não poderem guardar o segredo. Aterrorizados, muitos se esforçaram por manter em oculto o fato perigoso. Cedo ou tarde, porém, viram-se expostos ou eles próprios saíram à rua e gritaram a nova.
Que segredo é esse que não se pode guardar?
A nossa relação pessoal com Cristo.
O apóstolo João escreveu acerca do caso de José de Arimateia. Disse dele: "Era discípulo de Jesus, mas oculto, por medo dos judeus" (João 19:38).
José foi, pois, um dos primeiros membros do clube universal de seguidores ocultos de Jesus. Têm na alma um altar secreto onde dão honras ao Senhor. Aceitam-no intelectualmente; chegam até a falar-lhe, quando a sós. Se podem defender o Seu Evangelho, sem se exporem demasiado, fazem-no.
Mas o problema dessa gente é o medo. Como José de Arimatéia, temem ferir susceptibilidades, ofender religiões antigas e enfrentar o lume de paixões acesas.
Discípulos ocultos. Gente que concorda, aceita, considera a Palavra de Deus como o melhor bálsamo para o coração. Mas gente que se encolhe quando exposta, pois vive sob o domínio do medo.
Que há de mau nessa posição tida por muitos como prudente?
Primeiro, tenta guardar um segredo irresistível. O Evangelho é a nova mais bela dada ao homem. Oferece resposta às questões pertinentes da vida: Jesus Cristo veio ao mundo como a solução de Deus para os nossos males. Veio como o Libertador dos cativos do Diabo, como Sol para os que andam em trevas. Veio como Esperança para os que já se tornaram presas do desespero.
Um outro ângulo mau nessa tentativa de guardar segredo, é que minimiza o Nosso Senhor. Se outras pessoas ou circunstâncias nos impõem o silêncio, logo, o Deus que servimos em oculto não tem dimensões universais nem poder acima de outros poderes. É um Deus bom, mas limitado.
Quando conhecemos a Jesus, não podemos manter por muito tempo o disfarce do silêncio. A Sua presença em nós transcende os limites do íntimo e transborda na vida exterior. Tem traços irreprimíveis.
É assim que homens como José de Arimateia aprendem a lição da singularidade e da onipotência de Cristo, e quebram o seu mutismo. Levam à rua a evidência de uma relação com o Cristo Vivo.
Onde te situas hoje? Ouves, gostas, aceitas, concordas – mas ficas porventura calado, argumentando que assuntos da alma são privados? Ou pertences ao grupo dos que, por já terem uma dimensão real da Pessoa de Cristo, não se envergonham d`Ele e O proclamam abertamente?
A Bíblia chama aos fiéis "testemunhas", provas vivas do poder de Cristo.
Contaram-me que seis garimpeiros pesquisavam ouro num vale inóspito. Por onze dias trabalharam sem resultados. Finalmente, já prestes a desistir, descobriram um filão que prometia riqueza. Resolveram guardar segredo sobre o achado, regressar à vila mais próxima, comprar ferramentas e comida, de modo a fazer uma exploração rendosa.
Assim procederam. Na vila, não falaram a qualquer. Feito o abastecimento, puseram-se de regresso ao local do filão. Surpresos, verificaram, porém, que eram seguidos por umas trezentas pessoas.
Os homens da vila explicaram: "Ninguém nos disse, mas o vosso sorriso mostrou-nos que vocês tinham achado ouro".
Jesus é Ouro de Deus para a pobreza da vida. Proclamemos com alegria a nova do Seu evangelho.
-Dr. Jorge de Barros -

Palácio do Governo

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