sexta-feira, 14 de maio de 2010

Mãe que é Mãe

Tinha meus seis anitos quando um passeio de bicicleta terminou em acidente, que naquele tempo poderia ter contornos imprevisíveis.
Era final de tarde de uma quarta-feira, lembro como hoje, mais de quarenta anos depois, quando um homem tentou socorrer-me daquela situação, sacudindo com força a roda dianteira da bicicleta, vinda de Dakar, na tentativa de resgatar meu pé esquerdo preso pelos raios, mas, não resultou.
A situação se mostrou séria. Eu estava lá consciente, com dores, de short e sem camisa (ou seria bibe!), mais preocupado com aquilo que NINA me pudesse dizer em casa!
Conseguiram um alicate de corte num electricista da central eléctrica que morava por perto. Falo do bairro da Fazenda, cidade da Praia, em Cabo Verde, precisamente onde temos hoje os bombeiros municipais.
Chegamos noitinha ao hospital, com arquitectura diferente do actual H.A. Neto. No início do difícil curativo, ainda ví mámá entrar em desespero sala dentro da urgência. Adormecí para só acordar no dia seguinte, com a perna esquerda imobilizada, o que viria a prolongar-se por longos meses.
Bambudo, mámá pacientemente me transportava de três em três dias, a Riba Praia, para curativo.
Chegou Outubro de 67 do século passado, mámá e Dany, meu irmão, levaram-me ao primeiro dia de aulas na primeira classe, com a professora Tanchinha.
Escrevo estas linhas a doze mil pés de altitude a bordo de um dos boeings 747-400, da SAA, algures entre Joanesburgo e Luanda.
Quero pois ser grato a Deus pela senhora D. Laurinda Mendes Andrade Ferreira, MÁMÁ e VÓVÓ NINA, por aquilo que foi e é para nós.
Feliz Dia das Mães e, já agora, Feliz Aniversário Mámá!
Possa Deus conceder à D. Nina, muitos mais anos de vida, com saúde e muito fiel na comunidade de Fé.
Bem Haja!
 
- Adérito Silves Ferreira –

Onde está a Promessa?

Durante uma longa viagem, sentei-me ao lado de um oriental simpático. Cedo estávamos em conversa animada. A certa altura comentou ele: Voçês, ocidentais, querem ver acontecer tudo de um dia para outro. Para nós o decorrer do tempo é essencial. Aprendemos a esperar... a esperar por anos e até séculos.
                Ponderei a filosofia desse homem e concordei com ele em que a paciência do oriental faria bem aos ímpetos da realização e sede de resultados imediatos que tanta vez aceleram a existência.
                Uma das áreas de maior frustração na vida dos seguidores de Cristo é a respeitante as promessas que Ele nos fez. Tais promessas são de valor tão crítico para o nosso presente e futuro que nos exercitamos diáriamente na prática de contar com elas como certas e infalíveis. Pelo mundo evangélico ouve-se cantar esta quadra singela:
                Eu sei ser  verdade fiel.
                O que prometeu nosso Deus.
                Porque, crendo, provei desde há muito
                Ser fiel o que disse Deus.
               
                Mas é a própria Bíblia a acautelar-nos dos danos produzidos por uma espera prolongada.
                Um deles caracteriza-se pelo desânimo que nos aflige. Principalmente, quando a prosperidade do mundo secular parece acentuar a crise por que passamos. Olhando à volta vemos a pontualidade do mecanismo moderno e o ciclo da natureza: aviões de horário certo, apitos e sinos repetidos a intervalos rigorosos, uma previsão metereológica respeitável, a trajetória matemática dos planetas, o regresso prevísel de marés e de estações.
                Bem queríamos transferir ao terreno das promessas achadas na Bíblia essa periodicidade estabelecida e uma certa dose de urgência que nos trouxe já a solução pretendida.
                Conhecedor da nossa natureza, Deus incluiu na Bíblia repetidos incentivos ao ânimo, a não desfalecer, a prosseguir, a combater o bom combate, acabar a carreira... e guardar a fé.
                Outras vezes, porém, acomete-nos de fora o ataque à confiança nas promessas de Deus. A isto se refere a Segunda Epístola de Pedro: ... Nos últimos dias virão escarnecedores, andando segundo as suas próprias concupiscências, e dizendo: Onde está a promessa de Sua vinda? (3:3,4)
                Esse descrédito público não só afeta a nossa fé, mas pode fazer estremecer a alma. Quando pressões exteriores ridicularizam e questionam pontos em que estabelecemos a nossa fé, entramos numa atmosfera crítica. Ela é melindrosa porque passa a ser um novo ponto de partida, um convite aberto a duas atitudes conflituosas. A primeira é a que cavemos mais fundo os alicerces da fé, estabelecendo-os na Palavra de Deus, contra todas as delongas, bem como as ironias e a troça do mundo. A segunda é negativa, pois, induz a aceitação da dúvida, leva-nos a perguntar se não teremos crido, servido e amado a Deus em vão.
                Onde está a promessa? Espicaçam-nos os homens. Mas a questão deve ser outra, pois a promessa deve ser outra, pois a promessa divina está onde sempre esteve: viva e diante de nós: aguarda,  apenas a hora da solução completa e enevitável. Respondamos a essa pergunta com uma outra: Quem fez a promessaa que voçê se refere?
                Imediatamente saímos da esfera humana, do sector onde a palavra dada por vezes baila com as brisas da conveniência ou oscila com o pêndulo do carácter defeituoso. Quem fez a promessa? DEUS. Da que se refere ao regresso do Seu Filho Jesus a que assegura forças e graça para cada dia, todas as promessas de Deus tem actualidade pulsante. Façamo-las nossas tais como Deus ordena que sejam.
              
  - Dr. Jorge de Barros –

GLORIOSO SLB!

Desde que me lembro Adérito, sou benfiquista e também Académica! Com esta idade não dá para mudar mesmo!
Depois de uma visita encantadora ao Mussulo, ilha mesmo em frente a baía de Luanda, quinze minutos de barco-rápido, voltamos às pressas à cidade  para o último jogo da época do Sport Lisboa e Benfica!
Era a partida do 32º título e todos os holofotes estavam na Catedral! Torcedores de toda génese – que é mesmo dizer do Braga, Porto ou Sporting! Porém, milhares da Àguia!
Rio Ave estava lá, não para facilitar a festa! Talvez até para retardá-la. Mas, nós do Glorioso, conhecemos e praticamos o provérbio: “até no lavar dos cestos é vindima”.
Mas, voltando ao bairro Mira-Mar em Luanda, estávamos lá com toda familia do primo Daniel Simas, vestidos a rigor, com bandeiras, cascóis e almofadas – eles benfiquistas de sete costados, antecipando a celebração! Televisão OK, partida iniciada!
Tínhamos festa preparada com comes, sumos e até champanhe de maçã no congelador!
Começamos bem e da Madeira deram uma boa ajuda. Gritos ecoaram dentro de casa e nas ruas. Porém, surge aquela bola parada, que em nada beliscou o título, já no papo, mas, convenhamos que enervou um pouco.
Pensei no Graça, Dany, João, Kiki, Dex, Nhônhô, Miranda e Francisco, Hulda, D. Lena, Carlos, Pininha, Betinho, Carlitos Sá Nogueira, só para citar esses...  Araújo ao meu lado estava confiante!
Foi então que o artilheiro-mor e bota de ouro, Cardoso, com um tiro põe um ponto final em possíveis dúvidas se elas houvessem.
Foi o apito final. Com a família em alvoroço, a casa e ruas de Luanda entraram em delírio, e só dava mesmo: SLB, SLB, SLB, o GLORIOSO SLB! Campeões, nós somos  Campeões!
Foi festa noite dentro, com promessa de continuidade na Praia se Deus quiser.
Para o ano há mais.

- Adérito Silves Ferreira –

Não te Apoquentes

Ouví esta frase dos lábios de um dos profetas mais respeitados deste país: Rev. António Elias, que já está com o Senhor. Era um retiro de pastores e contei-lhe das mágoas e feridas pastorais.  Não te apequenes diante dos anões com os quais temos que conviver em nossa caminhada, disse o velho profeta. Nestes dias, a frase se tornou necessária para a minha alma, tendo em vista, de novo, o enfrentamento de factos semelhantes àqueles que anteriormente me feriram.
            Paulo, o apóstolo, afirmou que na formação de igrejas sempre encontraríamos certos obreiros que segundo ele poderiam ser qualificados com certos títulos ou adjectivos:
  1. Obreiros fraudulentos – Eles estavam na igreja de Corinto. A fraude é o símbolo da falsidade ministerial. Obreiros que tem seus trejeitos montados na hipocrisia, e sabem, como poucos, falsificar verdades, como típicos fraudadores, torcendo-as, usando uma linguagem tópica.
  2. Mercadejadores da Palavra – Também presentes em Corinto. Paulo afirmou que não se identificava com os que mercadejam a Palavra. Esses obreiros têm se multiplicado. Estes afrontam a teologia bíblica, paulina, que afirma que o ministério não é fonte de lucro, e sim a piedade. Gente que não cuida de gente, mas que se vende em adulação àqueles que procuram ser adulados.
  3. Falsos obreiros – Esses estavam na igreja de Filipos. Pessoas que adaptam o que crêem ao gosto daqueles aos quais querem conquistar; “como o mico do material hidraúlico,” pulam de galho em galho, ou de igreja em igreja, sempre encontrando o sujeito oculto deste texto de acolhê-los.
Lembro-me que a lista do Rev. António Elias era longa, mas me detenho aquí, para concluir com o que ele deixou de positivo, isto é, a menção ao tipo de obreiro que nós deveríamos ser: Obreiro que nada tem de que se envergonhar – Este é o modelo neo-testamentário (2 Tm. 2:15).
      Obreiro aprovado, pelo tempo, pela perseverança, pelos frutos, pelo carácter. Não se envergonha nem de seu passado nem de seu presente.
      Por onde passou deixou as marcas da lealdade, da fidelidade, da santidade, não só na sua igreja local, mas também nas instituições que eventualmente tenha servido. Obreiro que naneja a Palavra com sinceridade. Não pregador de encomenda, que aplica anestésicos nos ouvidos daqueles que pagam caro para ouvir o que querem, mas pregadores comprometidos com a mensagem, mesmo a custo de perdas. Pregadores cujo propósito é satisfazer aquele que os arregimentou.
      Sim, caros irmãos. Ainda bem que criei-me aos pés de homens desta qualidade. Portanto, quanto aos primeiros acima citados, quando eles surgem, algo logo me vem à mente: eles passarão! A obra de cada um será julgada pelo fogo. Diante do fogo, a palha não subsistirá.

      - Dr. L. Aguiar Valvassoura –