Durante uma longa viagem, sentei-me ao lado de um oriental simpático. Cedo estávamos em conversa animada. A certa altura comentou ele: Voçês, ocidentais, querem ver acontecer tudo de um dia para outro. Para nós o decorrer do tempo é essencial. Aprendemos a esperar... a esperar por anos e até séculos.
Ponderei a filosofia desse homem e concordei com ele em que a paciência do oriental faria bem aos ímpetos da realização e sede de resultados imediatos que tanta vez aceleram a existência.
Uma das áreas de maior frustração na vida dos seguidores de Cristo é a respeitante as promessas que Ele nos fez. Tais promessas são de valor tão crítico para o nosso presente e futuro que nos exercitamos diáriamente na prática de contar com elas como certas e infalíveis. Pelo mundo evangélico ouve-se cantar esta quadra singela:
Eu sei ser verdade fiel.
O que prometeu nosso Deus.
Porque, crendo, provei desde há muito
Ser fiel o que disse Deus.
Mas é a própria Bíblia a acautelar-nos dos danos produzidos por uma espera prolongada.
Um deles caracteriza-se pelo desânimo que nos aflige. Principalmente, quando a prosperidade do mundo secular parece acentuar a crise por que passamos. Olhando à volta vemos a pontualidade do mecanismo moderno e o ciclo da natureza: aviões de horário certo, apitos e sinos repetidos a intervalos rigorosos, uma previsão metereológica respeitável, a trajetória matemática dos planetas, o regresso prevísel de marés e de estações.
Bem queríamos transferir ao terreno das promessas achadas na Bíblia essa periodicidade estabelecida e uma certa dose de urgência que nos trouxe já a solução pretendida.
Conhecedor da nossa natureza, Deus incluiu na Bíblia repetidos incentivos ao ânimo, a não desfalecer, a prosseguir, a combater o bom combate, acabar a carreira... e guardar a fé.
Outras vezes, porém, acomete-nos de fora o ataque à confiança nas promessas de Deus. A isto se refere a Segunda Epístola de Pedro: ... Nos últimos dias virão escarnecedores, andando segundo as suas próprias concupiscências, e dizendo: Onde está a promessa de Sua vinda? (3:3,4)
Esse descrédito público não só afeta a nossa fé, mas pode fazer estremecer a alma. Quando pressões exteriores ridicularizam e questionam pontos em que estabelecemos a nossa fé, entramos numa atmosfera crítica. Ela é melindrosa porque passa a ser um novo ponto de partida, um convite aberto a duas atitudes conflituosas. A primeira é a que cavemos mais fundo os alicerces da fé, estabelecendo-os na Palavra de Deus, contra todas as delongas, bem como as ironias e a troça do mundo. A segunda é negativa, pois, induz a aceitação da dúvida, leva-nos a perguntar se não teremos crido, servido e amado a Deus em vão.
Onde está a promessa? Espicaçam-nos os homens. Mas a questão deve ser outra, pois a promessa deve ser outra, pois a promessa divina está onde sempre esteve: viva e diante de nós: aguarda, apenas a hora da solução completa e enevitável. Respondamos a essa pergunta com uma outra: Quem fez a promessaa que voçê se refere?
Imediatamente saímos da esfera humana, do sector onde a palavra dada por vezes baila com as brisas da conveniência ou oscila com o pêndulo do carácter defeituoso. Quem fez a promessa? DEUS. Da que se refere ao regresso do Seu Filho Jesus a que assegura forças e graça para cada dia, todas as promessas de Deus tem actualidade pulsante. Façamo-las nossas tais como Deus ordena que sejam.
- Dr. Jorge de Barros –