A tarde daquela primeira Sexta-Feira Santa, na última década dos 30 DC, fez descer sobre a colina do Gólgota um manto de fuligem expelida pelo coração da humanidade, que se tinha corrompido na poluição moral. E do choque entre a justiça da lei, que exige satisfação, e a violência do pecado, que folga com a transgressão, dir-se-ia que todas as secreções do inferno se derramaram com ímpeto deliberado sobre o Bendito Filho de Deus.
As três cruzes de lenho tosco no alto do cabeço fora de Jerusalém – a Cidade Santa – esboçavam em traços patéticos, símbolos da ignomínia, a ruptura do homem de Deus e a vida: façanha do Diabo, na sua manobra, que começou muito antes do Éden para, a seguir, transformar o mundo íntimo de cada pessoa num autêntico campo de batalha.
Em pleno dia, essa colina amaldiçoada envolveu-se na noite densa, quando Deus voltou as costas ao Seu Filho ali suspenso, para não presenciar a cena horrorosa, em que se via expirar o Cordeiro Imaculado. Jesus, então, experimentou o momento mais atroz da Sua Missão redentora: submergiu-se na sombra do desamparo, ao deixar de ver a face do Pai! Era o preço que se Lhe impunha, no Seu papel representativo, já que tinha de redimir a Humanidade, conforme a descrição do profeta Isaías, no capítulo 53 do seu livro.
Entretanto, a noite da Sexta-Feira de pesadelo viria a rasgar-se naquele Dia glorioso da Páscoa, a provar que “ o choro pode durar uma noite, mas, a alegria vem pela manhã” (Sal.30:5). E o sábado do silêncio que envolvia a transcendência da lei foi ultrapassado pelo Domingo de Aleluias, em que a Jerusalém da Judeia, e a Terra inteira, haviam de escutar em êxtase a sinfonia da Ressurreição!
Maria Madalena, Maria mãe de Tiago e Salomé, das primeiras mulheres emancipadas pelo Nazareno, ante a visão do túmulo vazio e o esplendor angelical, tendo ouvido a espantosa e indubitável afirmação: “Não está aqui, porque já ressuscitou”, correram apressadas, levando a notícia aos discípulos. Quando Pedro e João visitaram o sepulcro, onde não jaziam “restos mortais” que, por certo, haviam de converter-se em relíquias idolatradas, - perante os “religiosos” sem Religião – de regresso encontraram Cleofas e o seu companheiro de Emaús, aos quais o “Estranho” tinha aparecido no caminho e, como Hóspede em casa deles, revelou-se-lhes “o mesmo Jesus”; agora “ vivo de entre os mortos”, a trilhar com eles o caminho de Emaús, o percurso da vida.
E foi assim que a mensagem do Ressurrecto se transformou numa certeza tão profunda que levou o Apóstolo Paulo a declarar: “ Se Cristo não ressuscitou, em vão é a nossa pregação e somos os mais miseráveis de todos os homens” (I Cor. 15).
Esta certeza bendita de Paulo faz da nossa pálida fé um facho luminoso de esperança, qual foco distante a indicar a saída do túnel. O mesmo capítulo exalta um Cristo feito “ as primícias dos que se levantam do seio da morte”. Se O abraçarmos, não um Cristo simplesmente histórico, mas como o Senhor da nossa vida, atravessando o túnel deste “ vale de lágrimas”, com a certeza de que Ele vive, irá alentando-nos uma doce esperança: a de em breve nos levantarmos também, envolvidos pelo esplendor de um novo Dia, quando, em regozijo de vitória formos acolhidos pelo Rei, ao transpormos os umbrais da Jerusalém de Deus!
- Rev. António Marcelino Barbosa Vasconcelos -
As três cruzes de lenho tosco no alto do cabeço fora de Jerusalém – a Cidade Santa – esboçavam em traços patéticos, símbolos da ignomínia, a ruptura do homem de Deus e a vida: façanha do Diabo, na sua manobra, que começou muito antes do Éden para, a seguir, transformar o mundo íntimo de cada pessoa num autêntico campo de batalha.
Em pleno dia, essa colina amaldiçoada envolveu-se na noite densa, quando Deus voltou as costas ao Seu Filho ali suspenso, para não presenciar a cena horrorosa, em que se via expirar o Cordeiro Imaculado. Jesus, então, experimentou o momento mais atroz da Sua Missão redentora: submergiu-se na sombra do desamparo, ao deixar de ver a face do Pai! Era o preço que se Lhe impunha, no Seu papel representativo, já que tinha de redimir a Humanidade, conforme a descrição do profeta Isaías, no capítulo 53 do seu livro.
Entretanto, a noite da Sexta-Feira de pesadelo viria a rasgar-se naquele Dia glorioso da Páscoa, a provar que “ o choro pode durar uma noite, mas, a alegria vem pela manhã” (Sal.30:5). E o sábado do silêncio que envolvia a transcendência da lei foi ultrapassado pelo Domingo de Aleluias, em que a Jerusalém da Judeia, e a Terra inteira, haviam de escutar em êxtase a sinfonia da Ressurreição!
Maria Madalena, Maria mãe de Tiago e Salomé, das primeiras mulheres emancipadas pelo Nazareno, ante a visão do túmulo vazio e o esplendor angelical, tendo ouvido a espantosa e indubitável afirmação: “Não está aqui, porque já ressuscitou”, correram apressadas, levando a notícia aos discípulos. Quando Pedro e João visitaram o sepulcro, onde não jaziam “restos mortais” que, por certo, haviam de converter-se em relíquias idolatradas, - perante os “religiosos” sem Religião – de regresso encontraram Cleofas e o seu companheiro de Emaús, aos quais o “Estranho” tinha aparecido no caminho e, como Hóspede em casa deles, revelou-se-lhes “o mesmo Jesus”; agora “ vivo de entre os mortos”, a trilhar com eles o caminho de Emaús, o percurso da vida.
E foi assim que a mensagem do Ressurrecto se transformou numa certeza tão profunda que levou o Apóstolo Paulo a declarar: “ Se Cristo não ressuscitou, em vão é a nossa pregação e somos os mais miseráveis de todos os homens” (I Cor. 15).
Esta certeza bendita de Paulo faz da nossa pálida fé um facho luminoso de esperança, qual foco distante a indicar a saída do túnel. O mesmo capítulo exalta um Cristo feito “ as primícias dos que se levantam do seio da morte”. Se O abraçarmos, não um Cristo simplesmente histórico, mas como o Senhor da nossa vida, atravessando o túnel deste “ vale de lágrimas”, com a certeza de que Ele vive, irá alentando-nos uma doce esperança: a de em breve nos levantarmos também, envolvidos pelo esplendor de um novo Dia, quando, em regozijo de vitória formos acolhidos pelo Rei, ao transpormos os umbrais da Jerusalém de Deus!
- Rev. António Marcelino Barbosa Vasconcelos -