Coisa há, sábias ou puras loucuras que nunca esquecemos por se nos apresentarem como verdades que se evidenciam por si mesmas ou porque as ouvimos repetidas vezes.
Bem cedo ouvi dizer que “ cada louco tem a sua mania”. Trata-se possivelmente de uma expressão vernacular de “ cada cabeça sua sentença”, bem conhecida noutras latitudes e, não de todo estranha entre nós. Desta, só tive conhecimento quando fui iniciado à escolarização. Não sei ao certo quando aprendi a outra que rima à moda antiga: “de sábio e de louco todos nós temos um pouco”. Se me recordo delas é seguramente pelas razões que atrás apontei.
Todas elas constituíram para mim verdades inquestionáveis como uma série de outras que povoaram durante muito tempo a minha mente ingénua e inocente.
Um pouco sem saber como, comecei a aprofundar as minhas aquisições mentais. Cheguei à conclusão grotesca. Aceitar ou recusar sempre com um pé atrás. Por vezes mais atrás do que outras.
Já nos tempos mais próximos, as classificações psiquiátricas vieram mostrar-me que é possível ter vários “loucos” numa mesma categoria, numa mesma “mania”. Várias cabeças poderiam, então, ter a mesma sentença. Porém, a intenção seria mais a sistematização, sistematização para melhor compreensão.
Ia aquiescer, sempre com o meu pé atrás, mas, perdi-me ao tentar perceber, apreender. Para minha própria desgraça, tudo ficou nebuloso, instalou-se em mim a ambivalência, a dúvida, a mais completa confusão. Teria de aceitar ou recusar todas as verdades, para minha própria loucura. Assim têm sido os meus dias. Tempo de loucura!
- Daniel Silves Ferreira –
Psiquiatra
Bem cedo ouvi dizer que “ cada louco tem a sua mania”. Trata-se possivelmente de uma expressão vernacular de “ cada cabeça sua sentença”, bem conhecida noutras latitudes e, não de todo estranha entre nós. Desta, só tive conhecimento quando fui iniciado à escolarização. Não sei ao certo quando aprendi a outra que rima à moda antiga: “de sábio e de louco todos nós temos um pouco”. Se me recordo delas é seguramente pelas razões que atrás apontei.
Todas elas constituíram para mim verdades inquestionáveis como uma série de outras que povoaram durante muito tempo a minha mente ingénua e inocente.
Um pouco sem saber como, comecei a aprofundar as minhas aquisições mentais. Cheguei à conclusão grotesca. Aceitar ou recusar sempre com um pé atrás. Por vezes mais atrás do que outras.
Já nos tempos mais próximos, as classificações psiquiátricas vieram mostrar-me que é possível ter vários “loucos” numa mesma categoria, numa mesma “mania”. Várias cabeças poderiam, então, ter a mesma sentença. Porém, a intenção seria mais a sistematização, sistematização para melhor compreensão.
Ia aquiescer, sempre com o meu pé atrás, mas, perdi-me ao tentar perceber, apreender. Para minha própria desgraça, tudo ficou nebuloso, instalou-se em mim a ambivalência, a dúvida, a mais completa confusão. Teria de aceitar ou recusar todas as verdades, para minha própria loucura. Assim têm sido os meus dias. Tempo de loucura!
- Daniel Silves Ferreira –
Psiquiatra