Eu gosto de recordar factos históricos e coisas do passado. Fico emocionado quando releio a história de Moisés ainda bébézinho e, sua mãe na esperança de lhe salvar a vida, o coloca nas águas do Nilo dentro de um junco. A irmã, de longe, contemplava o cenário quando a princesa, filha de Faraó, chega para se banhar nas águas do rio. O episódio e a formosura do menino, comoveram a princesa e esta não resistiu em ser a mãe adoptiva do recém nascido. A irmã de Moisés oferecendo os seus préstimos, chamou a própria mãe para ser a “ama” do bebé o que a princesa aceitou sem nenhuma dificuldade, desconhecendo os laços familiares entre a mulher e o menino. Colocado no rio pela progenitora, ajudado pela irmã, adoptado pela princesa e criado pela própria mãe, com salário para fazê-lo, quando estava na eminência de ser morto, como as demais crianças hebreias do sexo masculino. Mistério de Deus!
Mais tarde, aquele que foi tirado das águas, veio a ser usado por Deus para ser o guia do Seu povo na saída do cativeiro egípcio. Tudo preparado, com detalhes emocionantes e orientação divina.
Neste processo de recordar o passado, veio-me à mente o Agusto di Idalina Surda. Menino do nosso bairro. Cresceu mais ou menos na nossa redondeza. Nunca o vi na escola. Nunca jogou futebol connosco. Falava pouco e parecia estranho, sempre desconfiado de mais alguém. A Idalina, parente não muito perto do pai do Agusto, era surda, e consequentemente tinha grandes dificuldades na expressão vocal. Talvez por isso Agusto não falava assim tão bem.
A mãe tinha muitos filhos e desta maneira os dividia para quem quisesse ser a mãe adoptiva. Coube a Agusto ser neto/filho adoptivo da Idalina.
Na faixa dos seus sete/oito anos, Agusto começou a demonstrar alguma tendência em “possuir” coisas que não lhe pertenciam. De vez em quando desaparecia nas casas dos vizinhos algumas moedas que as donas de casa guardavam debaixo das latas de açúcar e que Agusto sabia tão bem. Pouco a pouco, ele passou a ser conhecido por causa destes actos infantis mas condenáveis, e com o passar dos anos a sua postura continuou piorando.
Não aprendeu nenhuma “arte”, não aprendeu a ler, nem a escrever, e com a morte da Idalina, ele passou todo o tempo da sua vida na rua pedindo ou “tirando” do bolso alheio. Nunca mais soube onde ele fixou residência, com quem convive, nem se me reconhece, nós que crescemos no mesmo bairro.
Há dias, meu irmão me disse que está tendo um “probleminha” na igreja com o Agusto. Não falha aos cultos devocionais de domingo na Praia. Só que o prato das ofertas tem de ser colocado no lugar seguro e mesmo dentro da igreja, principalmente quando se canta os hinos espirituais e o ambiente é divino, Agusto mais não faz do que estender a mão para todos quantos cruzarem os olhos com ele, pedindo algum troco!
Soube há dias que ele é mais velho do que eu, dois ou três anos. Tendo crescido sem o amor paterno, nem materno; sem ninguém que o orientasse, como costumamos dizer lá em casa, “Agusto ka fazi nada na vida”.
Como ele deve haver muitos. E isto me leva a reflectir de como a minha vida e a dos meus irmãos podia ter sido se não tivéssemos o carinho, o amor a educação dos pais, e o companheirismo uns dos outros.
Nesta semana de gratidão a Deus, eu tenho de trazer à memória a nossa casa pobre mas honrada, a educação que nós todos recebemos, a mãe e o pai que nos incutiram valores sublimes, o incentivo de frequentar a igreja, a possibilidade de entrar em faculdades, de abrir a visão intelectual, o respeito pelos demais e concluir que por detrás de tudo isto Deus estava coordenando tudo.
Deus precisava de Moisés e por isso o poupou. Deus precisava de nós e por isso nos deu ambiente familiar maravilhoso e passados todos esses anos, os alicerces continuam firmes e creio que continuarão eternamente assim.
Ao longo desses anos, foram tantas as bênçãos que tentar descrevê-las seria como explicar como ser feliz!... e felicidade não se consegue explicar; quando é sentida, é transmitida. E é isto que queremos transmitir. Parafraseando o salmista “grandes coisas fez o Senhor por nós, por isso estamos alegres e (gratos) (Salmos 126:3)
Mais tarde, aquele que foi tirado das águas, veio a ser usado por Deus para ser o guia do Seu povo na saída do cativeiro egípcio. Tudo preparado, com detalhes emocionantes e orientação divina.
Neste processo de recordar o passado, veio-me à mente o Agusto di Idalina Surda. Menino do nosso bairro. Cresceu mais ou menos na nossa redondeza. Nunca o vi na escola. Nunca jogou futebol connosco. Falava pouco e parecia estranho, sempre desconfiado de mais alguém. A Idalina, parente não muito perto do pai do Agusto, era surda, e consequentemente tinha grandes dificuldades na expressão vocal. Talvez por isso Agusto não falava assim tão bem.
A mãe tinha muitos filhos e desta maneira os dividia para quem quisesse ser a mãe adoptiva. Coube a Agusto ser neto/filho adoptivo da Idalina.
Na faixa dos seus sete/oito anos, Agusto começou a demonstrar alguma tendência em “possuir” coisas que não lhe pertenciam. De vez em quando desaparecia nas casas dos vizinhos algumas moedas que as donas de casa guardavam debaixo das latas de açúcar e que Agusto sabia tão bem. Pouco a pouco, ele passou a ser conhecido por causa destes actos infantis mas condenáveis, e com o passar dos anos a sua postura continuou piorando.
Não aprendeu nenhuma “arte”, não aprendeu a ler, nem a escrever, e com a morte da Idalina, ele passou todo o tempo da sua vida na rua pedindo ou “tirando” do bolso alheio. Nunca mais soube onde ele fixou residência, com quem convive, nem se me reconhece, nós que crescemos no mesmo bairro.
Há dias, meu irmão me disse que está tendo um “probleminha” na igreja com o Agusto. Não falha aos cultos devocionais de domingo na Praia. Só que o prato das ofertas tem de ser colocado no lugar seguro e mesmo dentro da igreja, principalmente quando se canta os hinos espirituais e o ambiente é divino, Agusto mais não faz do que estender a mão para todos quantos cruzarem os olhos com ele, pedindo algum troco!
Soube há dias que ele é mais velho do que eu, dois ou três anos. Tendo crescido sem o amor paterno, nem materno; sem ninguém que o orientasse, como costumamos dizer lá em casa, “Agusto ka fazi nada na vida”.
Como ele deve haver muitos. E isto me leva a reflectir de como a minha vida e a dos meus irmãos podia ter sido se não tivéssemos o carinho, o amor a educação dos pais, e o companheirismo uns dos outros.
Nesta semana de gratidão a Deus, eu tenho de trazer à memória a nossa casa pobre mas honrada, a educação que nós todos recebemos, a mãe e o pai que nos incutiram valores sublimes, o incentivo de frequentar a igreja, a possibilidade de entrar em faculdades, de abrir a visão intelectual, o respeito pelos demais e concluir que por detrás de tudo isto Deus estava coordenando tudo.
Deus precisava de Moisés e por isso o poupou. Deus precisava de nós e por isso nos deu ambiente familiar maravilhoso e passados todos esses anos, os alicerces continuam firmes e creio que continuarão eternamente assim.
Ao longo desses anos, foram tantas as bênçãos que tentar descrevê-las seria como explicar como ser feliz!... e felicidade não se consegue explicar; quando é sentida, é transmitida. E é isto que queremos transmitir. Parafraseando o salmista “grandes coisas fez o Senhor por nós, por isso estamos alegres e (gratos) (Salmos 126:3)
Delfino Andrade Silves Ferreira