quinta-feira, 18 de junho de 2009

Um ano de Assembleias




O mundo Nazareno se reunirá em Orlando - Florida, dentro de dias, para a sua reunião magna. Espera-se mais de centena e meia de países representados, de todos os continentes e milhares de irmãos!
Das ilhas maravilhosas do atlântico, seguirá uma delegação de africanos e da Região de Africa, sob a liderança de dois cabo-verdianos! Um deles é superintendente e outro é Director Regional. Esses dois simples pormenores me dizem que crescemos ao longo dessas décadas, nos tornamos maduros e vamos assumindo aqui e ali responsabilidades cada vez maiores na igreja e no Seu Reino!
Acordei esta manhã com consciência clara de que nossa margem de crescimento ainda é grande! Por isso, ninguém surpreenda com “as coisas maiores que estão por vir”!
Acredito numa boa representação e um tempo admirável de comunhão. Antevejo o regresso de contar bênçãos e testemunhar de Jesus Cristo!
Em Agosto próximo, Praia receberá outra Assembleia, mas, desta vez a Distrital! Será com certeza outro grande momento de compartilhar as bênçãos, recobrar forças, rever a comunhão e voltar às ilhas para cumprir a Grande Comissão!
A previsão é para duas centenas e meia entre delegados e visitantes, das ilhas e do mundo. Sentimos encorajados por esta mobilização e encontro do Seu povo.
Estes dois eventos importantes da nossa igreja, neste e naquele lado do planeta exigem de nós muita oração, trabalho, compreensão e espírito adaptável!
Ocorreu-me que foi em Outubro de 1885 que cerca de cem pessoas lideradas pelos Doutores Bresee e Widney (aquele em divindade e este em medicina) e suas famílias organizaram a Igreja do Nazareno! Sim, esta da qual fizemos parte! Somos Família!
Amados, possamos juntos ter a lembrança que somos, Uma Igreja de Santidade, Missionária e Evangélica! E o Deus de paz será nossa porção! Amem!

Vosso em Cristo,
Pr. Adérito Silves Ferreira

CERIMÓNIA DE ORDENAÇÃO

Nossos irmãos Évora Ferreira receberam a benção do presbitério. Todos somos partes desta vitória e por isso estamos felizes! Parabens Rev. Delfino Silves Ferreira e Dra. Sandra Évora Ferreira. Ebenezer!

O Latoeiro de Éfeso


O homem tinha tesouras, talhadeiras e serras que cortavam metal. Possuía também uma língua fiada que lanceava o coração do apóstolo Paulo (II Tim. 4:14).
Frustram-se esforços para identificar este artífice, pois achamos no Novo Testamento cinco referências a Alexandre. Alguns opinam que se trata de apensas duas, não mais de três pessoas, em várias situações distintas; o latoeiro como teólogo amador, o latoeiro como pregador leigo, o latoeiro como agitador duma congregação, bem como um outro Alexandre de perfil simpático, pois carregou a cruz do Nosso Senhor (Marcos 15:51).
Podemos argumentar: de que nos serve remover a poeira da história para encontrar ossadas dum dissidente, se ainda temos alguns entre nós? Por mais incómodo que o assunto seja para os que prefeririam usar o tempo na busca de novas alturas espirituais, o Latoeiro de Éfeso ainda martela o tema de conflitos na Igreja. Alexandre legou-nos, apesar de tudo, alguns ensejos construtivos: forçou-nos a encarar a realidade desse conflito, a nossa posição nele, a inventariar danos e a ponderar o tratamento a dar-se a agitadores, críticos e dissidentes militantes.
Neste caso, Paulo optou por marcá-los e isolá-los. Advertiu a Timóteo”Tu guarda-te dele” (II Tim. 4:15). Preferiu, também, sujeitá-los à justiça divina: “… o Senhor lhe pague segundo as suas obras”. Mas este comportamento do Apóstolo não é consistente ao longo do seu ministério. Encontramo-lo também em confrontação explosiva: “Ó filhos do Diabo, cheio de todo o engano e de toda malícia, inimigo de toda justiça, não cessarás de perturbar os rectos caminhos do Senhor?” Aqui, foi o próprio Paulo a pronunciar o castigo: “Ficarás cego, sem ver o sol por algum tempo” (Actos 13:10 e 11).
Hoje a coisa dava processo por difamação, injúrias e danos. Litígios em tribunais à volta do mundo, envolvendo igrejas, atestam que a liberdade de confrontar agitadores se acha rigorosamente condicionada a direitos e privilégios legais de cada pessoa. E a febre da “democratização” conferiu a qualquer direitos de proclamar todo tipo de aberrações e emplastrar paredes com gritos de preferência pessoal e críticas a outrem.
Profetas, apóstolos e reformadores acharam-se amiúde encarcerados. Este método de argumentar assumido pelo temporalmente mais forte é ainda seguido por governos e partidos incomodados por mensageiros da Igreja. Revela, também, a fibra dos acusados: “Mais importa obedecer a Deus do que aos homens” (Actos 5:9). Lutero havia de ecoar a mesma determinação: “Aqui estou. Ajude-me o Senhor. Não quero nem posso retractar-me”.
O comportamento de Paulo assemelha-se um tanto ao do Senhor Jesus ante Seus detractores. Ora evita a confrontação e prefere fugir, ora parece ignorar a isca à polémica, ora desarma os eus atacantes com uma lógica impenetrável, ora brande o chicote e pontapeia mesas de oportunistas que fazem da Sua casa “covil de ladrões” (Marcos 11:15-17).
Temos, então, escolhas?
Talvez tão variadas como as circunstâncias. Há a considerar-se se a afronta é pessoal ou dirigida à causa de Deus que o agitador vê personificada em alguém; se ela é do tipo que pode ser diluída com a resposta branda de Provérbios (15:1); ou se estamos lidando com ouvidos selados à voz da razão (Actos 7:57); se “dar tempo ao tempo” amaina o conflito ou, em vez disso, gangrena a ferida; se, na perspectiva da eternidade, valem alguma coisa os louros duma vindicação imediata, em contraste com a decisão ora tida humilhante e cobarde de oferecer “a outra face” ou “andar a segunda milha”.
Mesmo em circunstâncias em que parecerá legítimo e até forçoso reagir, temos de responder a uma pergunta ou outra germinada da consciência: “Haverá qualquer indício de verdade no argumento do conflituoso? Na precipitação de me defender, estarei camuflando ou minimizando falhas dignas de reparo?” E, se a ofensa é dirigida a Deus e à Sua Igreja, devo ainda ponderar: “Quem me nomeou defensor dos Deus? Precisa Ele da minha ajuda para se proteger de alguém...ou, como o discípulo de ontem, estarei brandindo espadas imperitas que só cortam orelhas e deixam a língua em disparada?”…(Mateus 26:51).
Alguns conflitos escalam ao ponto de crise porque ignoramos diferenças sócio-culturais, limitações e desgastes físicos, ou caímos na ratoeira de “espiritualizar” divergências de opinião e gosto. Presumimos que a celebrada união dos crentes deverá incluir uma universalidade de ideias e de escolhas, suprimindo qualquer defesa mais apaixonada de algo que preferimos. Todos temos ouvido de congregações desavindas por causa de traçado, do mobiliário ou da decoração dum novo templo, da versão bíblica usada do púlpito ou do estilo administrativo do pastor. “Grupinhos” então formados armam a sua causa, desenvolvem até uma teologia do conflito escudada na própria Bíblia. Ficamos a cismar que farão esses recitadores das Escrituras ao chegarem a Tiago 4:1 – “Donde vêem as guerras e pelejas entre vós? Porventura não vêem disto, a saber, dos vossos deleites, que nos vossos membros guerreiam?” Esse motim interno tende a transbordar, agitando em muitos casos a congregação inteira.
A obra de tem sobrevivido a todos os seus atacantes. É que mesmo as portas do inferno não prevalecerão contra a Igreja do Senhor (Mateus 16:18). Se nos vemos impossibilitados, como Paulo, de neutralizar opositores militantes, fiquemos certos de nunca afiliar-nos a tais grupos. Por mais severos danos que nos causem, a si próprios infligem o maior. Paulo julgara-se vítima de prejuízos devastadores: “Causou-me muito dano”. Mas coisa estranha aconteceu. Em vez de fragmentar a vida do Apóstolo, a tesoura de Alexandre cortou para sempre a reputação do homem que a empunhava com tanta perícia. Paulo vive, íntegro, nos púlpitos do mundo. O Latoeiro de Éfeso? Se tivéssemos uma epístola de Timóteo a Paulo, escrita uns vinte anos após o doloroso incidente, ela talvez dissesse: “ A propósito, lembra-se do Latoeiro de Éfeso? Enferrujou.”

- Dr. Jorge de Barros –

De Irmão para Irmãos


Eu gosto de recordar factos históricos e coisas do passado. Fico emocionado quando releio a história de Moisés ainda bébézinho e, sua mãe na esperança de lhe salvar a vida, o coloca nas águas do Nilo dentro de um junco. A irmã, de longe, contemplava o cenário quando a princesa, filha de Faraó, chega para se banhar nas águas do rio. O episódio e a formosura do menino, comoveram a princesa e esta não resistiu em ser a mãe adoptiva do recém nascido. A irmã de Moisés oferecendo os seus préstimos, chamou a própria mãe para ser a “ama” do bebé o que a princesa aceitou sem nenhuma dificuldade, desconhecendo os laços familiares entre a mulher e o menino. Colocado no rio pela progenitora, ajudado pela irmã, adoptado pela princesa e criado pela própria mãe, com salário para fazê-lo, quando estava na eminência de ser morto, como as demais crianças hebreias do sexo masculino. Mistério de Deus!
Mais tarde, aquele que foi tirado das águas, veio a ser usado por Deus para ser o guia do Seu povo na saída do cativeiro egípcio. Tudo preparado, com detalhes emocionantes e orientação divina.
Neste processo de recordar o passado, veio-me à mente o Agusto di Idalina Surda. Menino do nosso bairro. Cresceu mais ou menos na nossa redondeza. Nunca o vi na escola. Nunca jogou futebol connosco. Falava pouco e parecia estranho, sempre desconfiado de mais alguém. A Idalina, parente não muito perto do pai do Agusto, era surda, e consequentemente tinha grandes dificuldades na expressão vocal. Talvez por isso Agusto não falava assim tão bem.
A mãe tinha muitos filhos e desta maneira os dividia para quem quisesse ser a mãe adoptiva. Coube a Agusto ser neto/filho adoptivo da Idalina.
Na faixa dos seus sete/oito anos, Agusto começou a demonstrar alguma tendência em “possuir” coisas que não lhe pertenciam. De vez em quando desaparecia nas casas dos vizinhos algumas moedas que as donas de casa guardavam debaixo das latas de açúcar e que Agusto sabia tão bem. Pouco a pouco, ele passou a ser conhecido por causa destes actos infantis mas condenáveis, e com o passar dos anos a sua postura continuou piorando.
Não aprendeu nenhuma “arte”, não aprendeu a ler, nem a escrever, e com a morte da Idalina, ele passou todo o tempo da sua vida na rua pedindo ou “tirando” do bolso alheio. Nunca mais soube onde ele fixou residência, com quem convive, nem se me reconhece, nós que crescemos no mesmo bairro.
Há dias, meu irmão me disse que está tendo um “probleminha” na igreja com o Agusto. Não falha aos cultos devocionais de domingo na Praia. Só que o prato das ofertas tem de ser colocado no lugar seguro e mesmo dentro da igreja, principalmente quando se canta os hinos espirituais e o ambiente é divino, Agusto mais não faz do que estender a mão para todos quantos cruzarem os olhos com ele, pedindo algum troco!
Soube há dias que ele é mais velho do que eu, dois ou três anos. Tendo crescido sem o amor paterno, nem materno; sem ninguém que o orientasse, como costumamos dizer lá em casa, “Agusto ka fazi nada na vida”.
Como ele deve haver muitos. E isto me leva a reflectir de como a minha vida e a dos meus irmãos podia ter sido se não tivéssemos o carinho, o amor a educação dos pais, e o companheirismo uns dos outros.
Nesta semana de gratidão a Deus, eu tenho de trazer à memória a nossa casa pobre mas honrada, a educação que nós todos recebemos, a mãe e o pai que nos incutiram valores sublimes, o incentivo de frequentar a igreja, a possibilidade de entrar em faculdades, de abrir a visão intelectual, o respeito pelos demais e concluir que por detrás de tudo isto Deus estava coordenando tudo.
Deus precisava de Moisés e por isso o poupou. Deus precisava de nós e por isso nos deu ambiente familiar maravilhoso e passados todos esses anos, os alicerces continuam firmes e creio que continuarão eternamente assim.
Ao longo desses anos, foram tantas as bênçãos que tentar descrevê-las seria como explicar como ser feliz!... e felicidade não se consegue explicar; quando é sentida, é transmitida. E é isto que queremos transmitir. Parafraseando o salmista “grandes coisas fez o Senhor por nós, por isso estamos alegres e (gratos) (Salmos 126:3)
Delfino Andrade Silves Ferreira

terça-feira, 9 de junho de 2009

Um dia em S. Francisco


Alguns não entendem porque muitos de nós temos uma grande paixão por S. Francisco! A zona balnear, mais ou menos a norte da Praia, hoje, a dez minutos por auto-estrada, onde temos o nosso ACAMPAMENTO, um terreno que as marcas dizem claramente pertencerem na sua totalidade à JUNTA CONSULTIVA DA IGREJA DO NAZARENO DE CABO VERDE, antes, CGIN ou simplesmente e para que não haja dúvidas, Conselho Geral da Igreja do Nazareno.
Tive notícias por alguém que estivera na inauguração da nova estrada de como está S. Francisco! Sentado, ouvi atentamente meu “informante”, mas, não chorei!
Fizemos uma viagem à Neemias, mas de dia! Entramos pela porta principal, considerada antiga pelos mais jovens, e contornei o nosso chão em direcção ao poço, que nos seus dias áureos jorrava água com ajuda da potente moto-bomba Lister! Até hoje, não descobrimos perfeitamente porque aquela água tinha propriedade de cortar ao meio qualquer tipo de sabão, incluindo “o di terra”!!! Cheguei perto do “tanquinho”, que fica entre a casa Mosteler e a cozinha, e o campo ficou-me logo à frente. A casa do Presidente Distrital, a dos líderes e a de banho das meninas logo aí à minha mão direita. Sábu, Jussé e Nha Flipa passaram! Com olhos do passado vi tantas gerações de moças de todas as ilhas e da diáspora que ocuparam as moradias em fila. Da casa do guarda, do motor e das antigas casas de banho dos rapazes só restam pedras, esperando uma nova e bonita arrumação. A casa de S. Vicente está lá, firme, parecendo dizer às outras: “se não fizerem alguma coisa por este lugar vou-me embora”, aliás estou a caminho!
Parei, para ver a CAPELA mesmo no centro do Campo! Tantas lembranças de momentos inolvidáveis, testemunhos inflamados, louvor de nível, ministração do céu! No meio de tudo isso, a mesma voz que há quase trinta anos me falara, dando-me uma chamada clara para o ministério, segredou: “ela deve continuar, preciso de ti!
Como Neemias, recobrei as forças e falei ao “Sr. Superintendente Araújo” dizendo: Chefe, teremos em breve este lugar como uma referência! Nossa Capela continuará no centro para desafiar as forças do mal que teimosamente querem agir; uma praça com jardim florido falará de vida nova; um edifício multi-uso para refeitório, jogos, desfiles e grande cultos; as moças terão novas e bonitas casas com banho privativo; os rapazes terão seus alojamentos em dois pisos simples, com casas de banho e água à vontade; a liderança do campo, os obreiros e visitantes terão lugares condignos; a área destinada às tendas terá melhorias; vários jogos e lugares de diversão; faremos plantações com rega gota-gota; o piso não mais terá problemas com papa-lama; o poço será reabilitado e com ajuda de água dessalinizada suprirão as penúrias do passado; duas serão as entradas – uma que dará acesso à praia de mar e outra que será a principal, encimada com as inscrições: Acampamento Nazareno de Cabo Verde! De repente, parei, sem falar dos estacionamentos, dos bangalôs para aluguer, da moradia do gestor, entre outras coisas e notei que o Superintendente não estava por perto!
Sim, compreendi que são coisas que todos precisamos dizer ao nosso líder, com propósito de animá-lo a avançar com o plano de reestruturação do campo, de acordo com aquilo que Deus tem posto no seu coração!
Se saberá então, e outra vez, sem nenhum equívoco que “só o SENHOR é DEUS”, e as “portas do inferno não prevalecerão contra Sua igreja.” Se Deus é por nós quem será contra nós”!
Então, lhes respondi e disse: “ O Deus dos céus é o que nos fará prosperar; e nós, seus servos, nos levantaremos e edificaremos; mas, vós não tendes parte, nem justiça, nem memória em Jerusalém”.
“Acabou-se a obra em cinquenta e dois dias… e ouvindo-o todos os nossos inimigos, temeram … porque reconheceram que nosso Deus fizera esta obra”. Hasta siempre S. Francisco!

- Pr. Adérito Silves Ferreira -

CRIANÇAS, UMA ESPÉCIE AMEAÇADA


Viajava num ônibus quando entraram três meninos passando por baixo da catraca. Faziam tanto reboliço que um senhor olhando para mim, disse: “Onde estará o pai desses meninos”?
Não respondi, mas, fiquei pensando no pai ou pais, pensei no meu e em tantos que conheci, agradeci a Deus pelo pai que tive e tardiamente valorizara; e quase chorei de saudades dum tempo que não voltaria mais. Lá estavam uns meninos desconhecidos fazendo-me lembrar dum pai bem conhecido, mas, agora tão longe!
Milhões dos que nascem mal conseguem atravessar com vida o limiar deste mundo, ficam ao desamparo, abandonados, desnutridos e votados ao pecado. Bem poucos são levados a Deus. Pensando em tais crianças fico a cismar se a cura do câncer ou quem sabe, de tantas doenças terríveis não ficou atrasada porque seu descobridor foi vetado à entrada. O aborto terá frustrado a descoberta que viria a curar milhares de sofredores. Li há anos numa revista acerca de um médico que assistia ao parto de certa mãe. Quando teve nas mãos o menino, que descobriu ser aleijado, sentiu tanta pena da mãe que pensou na ocasião em impedir que ele vivesse; mas algo o fez desistir. Mais tarde, uns vinte e tantos anos depois, o seu próprio filho viria a ser salvo pelo único médico disponível! O médico era o menino aleijado e que fora poupado.
Jesus tinha um grande apreço pelas crianças. Apresentando uma ilustrou como eram os verdadeiros cidadãos do céu.
Teve algumas nas mãos e abençoou-as, apesar da incompreensão dos discípulos. (Mateus 18:1-4; 19:13-15).
A Bíblia dá muita atenção às crianças e recomenda zelar por elas (Prov. 20:11) Diz que devem ser “instruídas e corrigidas” (Prov. 22:6; 19:18; 23:13).
É consenso geral que o exemplo dos pais é uma espada de dois gumes, pode guiar ou desnortear a vida da criança. Elas são observadoras e sensíveis.
Muitos pais querem ver nos filhos uma espécie de complementação; e outros, colher algo que não semearam. É comum dizer-se que a conduta vale mais que a palavra, mas realmente elas se completam. Os recavitas foram chamados por Jeremias para servirem de testemunhas à nação desobediente a Deus. Ele tinha guardado o exemplo e a recomendação do pai (Jer. 35:5-6). (…)
A Bíblia atribui aos pais obrigações sérias: instruir (Prov.4:1-4; Deut. 6:6-7) repreender (Prov. 3:12; 13:24); alimentar (Lucas 11,12); perdoar (Lucas 12:21); compadecer-se delas (Heb.3:9); não irritá-las (Efésios 6:4).
Depende dos pais se os filhos vão ou não honrá-los. Quando Davi foi a luta e venceu Golias, Saul perguntou: “ De quem é filho?” (I Sam. 17:56). Pais fiéis a Deus e envolvidos na Igreja têm menos trabalho na educação dos filhos. Tratar bem a esposa e os filhos, falar sempre a verdade e nunca prometer nada que não possa satisfazer, acompanha-los à Igreja, ensiná-los a serem honestos para com Deus são passos importantes. Quando João Baptista nasceu a pergunta que brotou dos lábios de todos foi: “ Quem será pois este menino?” ( Lucas 1:66). O nascimento de qualquer criança deveria ser precedida de muito oração e sincera disposição de fazer “ custe o que custar” que ele venha ser um filho de Deus. Certamente a igreja dará todo o apoio (…)
Há muitas crianças abandonadas por aí e o mundo está mais pobre por causa disso. Valorizemo-las!

- Eudo T. de Almeida -

De Irmão para Irmãos


Eu gosto de recordar factos históricos e coisas do passado. Fico emocionado quando releio a história de Moisés ainda bébézinho e, sua mãe na esperança de lhe salvar a vida, o coloca nas águas do Nilo dentro de um junco. A irmã, de longe, contemplava o cenário quando a princesa, filha de Faraó, chega para se banhar nas águas do rio. O episódio e a formosura do menino, comoveram a princesa e esta não resistiu em ser a mãe adoptiva do recém nascido. A irmã de Moisés oferecendo os seus préstimos, chamou a própria mãe para ser a “ama” do bebé o que a princesa aceitou sem nenhuma dificuldade, desconhecendo os laços familiares entre a mulher e o menino. Colocado no rio pela progenitora, ajudado pela irmã, adoptado pela princesa e criado pela própria mãe, com salário para fazê-lo, quando estava na eminência de ser morto, como as demais crianças hebreias do sexo masculino. Mistério de Deus!
Mais tarde, aquele que foi tirado das águas, veio a ser usado por Deus para ser o guia do Seu povo na saída do cativeiro egípcio. Tudo preparado, com detalhes emocionantes e orientação divina.

Neste processo de recordar o passado, veio-me à mente o Agusto di Idalina Surda. Menino do nosso bairro. Cresceu mais ou menos na nossa redondeza. Nunca o vi na escola. Nunca jogou futebol connosco. Falava pouco e parecia estranho, sempre desconfiado de mais alguém. A Idalina, parente não muito perto do pai do Agusto, era surda, e consequentemente tinha grandes dificuldades na expressão vocal. Talvez por isso Agusto não falava assim tão bem.
A mãe tinha muitos filhos e desta maneira os dividia para quem quisesse ser a mãe adoptiva. Coube a Agusto ser neto/filho adoptivo da Idalina.
Na faixa dos seus sete/oito anos, Agusto começou a demonstrar alguma tendência em “possuir” coisas que não lhe pertenciam. De vez em quando desaparecia nas casas dos vizinhos algumas moedas que as donas de casa guardavam debaixo das latas de açúcar e que Agusto sabia tão bem. Pouco a pouco, ele passou a ser conhecido por causa destes actos infantis mas condenáveis, e com o passar dos anos a sua postura continuou piorando.
Não aprendeu nenhuma “arte”, não aprendeu a ler, nem a escrever, e com a morte da Idalina, ele passou todo o tempo da sua vida na rua pedindo ou “tirando” do bolso alheio. Nunca mais soube onde ele fixou residência, com quem convive, nem se me reconhece, nós que crescemos no mesmo bairro.
Há dias, meu irmão me disse que está tendo um “probleminha” na igreja com o Agusto. Não falha aos cultos devocionais de domingo na Praia. Só que o prato das ofertas tem de ser colocado no lugar seguro e mesmo dentro da igreja, principalmente quando se canta os hinos espirituais e o ambiente é divino, Agusto mais não faz do que estender a mão para todos quantos cruzarem os olhos com ele, pedindo algum troco!
Soube há dias que ele é mais velho do que eu, dois ou três anos. Tendo crescido sem o amor paterno, nem materno; sem ninguém que o orientasse, como costumamos dizer lá em casa, “Agusto ka fazi nada na vida”.

Como ele deve haver muitos. E isto me leva a reflectir de como a minha vida e a dos meus irmãos podia ter sido se não tivéssemos o carinho, o amor a educação dos pais, e o companheirismo uns dos outros.
Nesta semana de gratidão a Deus, eu tenho de trazer à memória a nossa casa pobre mas honrada, a educação que nós todos recebemos, a mãe e o pai que nos incutiram valores sublimes, o incentivo de frequentar a igreja, a possibilidade de entrar em faculdades, de abrir a visão intelectual, o respeito pelos demais e concluir que por detrás de tudo isto Deus estava coordenando tudo.
Deus precisava de Moisés e por isso o poupou. Deus precisava de nós e por isso nos deu ambiente familiar maravilhoso e passados todos esses anos, os alicerces continuam firmes e creio que continuarão eternamente assim.
Ao longo desses anos, foram tantas as bênçãos que tentar descrevê-las seria como explicar como ser feliz!... e felicidade não se consegue explicar; quando é sentida, é transmitida. E é isto que queremos transmitir. Parafraseando o salmista “grandes coisas fez o Senhor por nós, por isso estamos alegres e (gratos) (Salmos 126:3)

Delfino Andrade Silves Ferreira