A senhora arrastou a cadeira para o meio do jardim, protegeu-se com um guarda-sol e prendeu a uma estaca um dístico insólito: MÃE EM GREVE.
O marido e os três filhos jovens acharam que fosse coisa passageira. Mas a noite desceu e a senhora não entrou em casa. A chuva fustigava o telhado, mas a mãe deixou-se estar, tão ensopada já como o seu letreiro.
No terceiro dia a nova já era conhecida na pequena cidade americana. Apareceram jornalistas e câmaras de televisão.
A senhora falou. Disse que estava cansada de ser tratada como coisa; disse que os da casa pensavam que ela era máquina de cozinhar, lavar roupa , limpar os quartos, acariciar e amar; disse que nunca recebia em troca dos seus serviços e devoção, o mínimo sinal de afecto e reconhecimento. Por isso, desabafou a senhora, declarara a greve.
Em que condições suspenderia a greve? Bem, a mulher lá tinha o seu papel com tudo escrito, ponto por ponto. Ela exigia ajuda em termos práticos e para tarefas específicas; queria também um pouco de carinho, umas flores de vez em quando - em vez do tom indiferente ou mesmo reprovador com que recebiam o seu labor diário.
Embaraçado e meio faminto, o marido assinou o contrato. Fez mais: encomendou uma dúzia de rosas vermelhas para a grevista. Dois filhos também assinaram.
Mas a moça de dezesseis anos gritou “Chantagem!” e disse que não. Influenciada por colegas da escola, recusava-se assinar o papel. Vieram mais chuvas, mais curiosos, mais fotógrafos e críticos de opinião dividida. Ao quarto dia, a jovem capitulou. A mãe arrancou a estaca com o letreiro, arrumou o cabelo e entrou em casa.
Qualquer que seja o nosso parecer a respeito da situação geral desta família indubitavelmente perturbada, será impossível esquecer o grito lançado. A idéia de uma greve no lar é para nós inaceitável , mas as razões que a desculparam deixaram de ser tão estranhas. “Honra a tua mãe”, é um mandamento que exige algo mais que um cartão florido num dia programado para o efeito. Milhares de mães que jamais entrariam em greve vivem na lama e sede dumas palavras e expressões práticas de amor em datas sem fanfarra. Como disse uma delas: “seria com receber o maior presente de Dia da Mãe, mas em prestações diárias.”
Dá que pensar.
O marido e os três filhos jovens acharam que fosse coisa passageira. Mas a noite desceu e a senhora não entrou em casa. A chuva fustigava o telhado, mas a mãe deixou-se estar, tão ensopada já como o seu letreiro.
No terceiro dia a nova já era conhecida na pequena cidade americana. Apareceram jornalistas e câmaras de televisão.
A senhora falou. Disse que estava cansada de ser tratada como coisa; disse que os da casa pensavam que ela era máquina de cozinhar, lavar roupa , limpar os quartos, acariciar e amar; disse que nunca recebia em troca dos seus serviços e devoção, o mínimo sinal de afecto e reconhecimento. Por isso, desabafou a senhora, declarara a greve.
Em que condições suspenderia a greve? Bem, a mulher lá tinha o seu papel com tudo escrito, ponto por ponto. Ela exigia ajuda em termos práticos e para tarefas específicas; queria também um pouco de carinho, umas flores de vez em quando - em vez do tom indiferente ou mesmo reprovador com que recebiam o seu labor diário.
Embaraçado e meio faminto, o marido assinou o contrato. Fez mais: encomendou uma dúzia de rosas vermelhas para a grevista. Dois filhos também assinaram.
Mas a moça de dezesseis anos gritou “Chantagem!” e disse que não. Influenciada por colegas da escola, recusava-se assinar o papel. Vieram mais chuvas, mais curiosos, mais fotógrafos e críticos de opinião dividida. Ao quarto dia, a jovem capitulou. A mãe arrancou a estaca com o letreiro, arrumou o cabelo e entrou em casa.
Qualquer que seja o nosso parecer a respeito da situação geral desta família indubitavelmente perturbada, será impossível esquecer o grito lançado. A idéia de uma greve no lar é para nós inaceitável , mas as razões que a desculparam deixaram de ser tão estranhas. “Honra a tua mãe”, é um mandamento que exige algo mais que um cartão florido num dia programado para o efeito. Milhares de mães que jamais entrariam em greve vivem na lama e sede dumas palavras e expressões práticas de amor em datas sem fanfarra. Como disse uma delas: “seria com receber o maior presente de Dia da Mãe, mas em prestações diárias.”
Dá que pensar.
- Jorge De Barros -