A senhora escreveu, em grande aflição, dizendo que fora abandonada, com seus onze filhos, pelo marido aventureiro. Desejava saber que passos tomar, que fazer em tal circunstância crítica.
O abandono é mais que problema isolado da esposa que assinou a carta. Queixam-se pessoas de todas as idades e condições dessa praga que se alastra pelo nosso mundo. Ora são infantes abandonados em caixas de sapatos ou mesmo em depósitos de lixo; ora são crianças deixadas no meio da rua ou em lugares ermos; ora são jovens a quem os pais convidam a desaparecer da sua vista; ora são cônjuges desertados a meio da noite; ora são velhos que se acham desamparados e sem recursos – em casas vazias de tudo, em asilos indiferentes, ou em hospitais aonde ninguém vai para os visitar.
Há, também, aquele outro abandono sofrido por muitos que, paradoxalmente, se acham cercados de gente, mesmo de familiares. É a rejeição emocional, aquele vazio transmitido pela experiência de que ninguém se importa com o que nos sucede.
A vida toma cores trágicas quando nos invade a impressão do abandono. Em alguns, isto causa uma profunda depressão; em outros, principalmente na classe jovem, há um recrudescimento de violência, como que um grito a assinalar uma vida ignorada.
Uma das mais trágicas conseqüências do abandono é a imagem que deixa nas suas vítimas de que para nada valem. Quando tratadas como lixo, tendem a classificar-se de lixo. Justificam até o comportamento baixo como natural em pessoas a quem a sociedade rejeitou como se de nada valessem.
O problema é antigo e universal. O salmista Davi escreveu: “Quando meu pai e minha mãe me desampararem, o Senhor me receberá” (Salmo 27: 10). A situação de abandono não poderia ter sido pintada em cores mais negativas: rejeitado por pai e mãe. O cúmulo da solidão humana acha aqui simbolismo gritante. Dele recebemos a idéia de ausência total de carinho, proteção, sustento, estímulo, educação e bases de identidade. Em ambiente como este, danos psicológicos, morais e sociais atingem a escala máxima. Mas é também deste ponto que o Salmista faz a afirmação de maior significado para toda a vítima de abandono: “O Senhor me recolherá” (Salmo 27: 10).
Esta mensagem não é utópica ou um tipo de esperança oca sobre a qual indivíduos solitários tentarão reinventar. Estamos, também, em presença de uma promessa garantida de Deus. Ele nos recolherá – não a um asilo de caridade “oficial”, mas à intimidade de Alguém que nos ama supremamente.
“Quando o meu pai e minha mãe me desampararem, o Senhor me recolherá”. A frase não prevê uma desgraça inevitável, mas acentua uma provisão animadora. Não há vida ou circunstância, por mais solitária, para a qual não haja o recurso da companhia de Deus.
É nas palavras do mesmo Salmista que achamos esta expressão de júbilo: “Até o pardal encontrou casa, e a andorinha, ninho para si e para sua prole, junto dos teus altares, Senhor dos Exércitos, Rei meu e Deus meu” (Salmo 84: 3). Todo e qualquer abandonado pela insensibilidade ou pela dureza de homens, tem ainda o Braço Redentor – o de um Deus ansioso por recolher quantos criou pelas Suas próprias mãos. Mas, como agência de Deus na sociedade, cabe também à Igreja estender e acolher desamparados. Se a missão é demasiado grande para as nossas forças inventariadas, lembremos que a Igreja Lhe pertence e Deus jamais falhou em providenciar recursos para a Sua própria Casa. Junto dos altares de Deus, a solidão e o abandono devem ceder lugar ao companheirismo responsável de pessoas irmanadas em Cristo.
O abandono é mais que problema isolado da esposa que assinou a carta. Queixam-se pessoas de todas as idades e condições dessa praga que se alastra pelo nosso mundo. Ora são infantes abandonados em caixas de sapatos ou mesmo em depósitos de lixo; ora são crianças deixadas no meio da rua ou em lugares ermos; ora são jovens a quem os pais convidam a desaparecer da sua vista; ora são cônjuges desertados a meio da noite; ora são velhos que se acham desamparados e sem recursos – em casas vazias de tudo, em asilos indiferentes, ou em hospitais aonde ninguém vai para os visitar.
Há, também, aquele outro abandono sofrido por muitos que, paradoxalmente, se acham cercados de gente, mesmo de familiares. É a rejeição emocional, aquele vazio transmitido pela experiência de que ninguém se importa com o que nos sucede.
A vida toma cores trágicas quando nos invade a impressão do abandono. Em alguns, isto causa uma profunda depressão; em outros, principalmente na classe jovem, há um recrudescimento de violência, como que um grito a assinalar uma vida ignorada.
Uma das mais trágicas conseqüências do abandono é a imagem que deixa nas suas vítimas de que para nada valem. Quando tratadas como lixo, tendem a classificar-se de lixo. Justificam até o comportamento baixo como natural em pessoas a quem a sociedade rejeitou como se de nada valessem.
O problema é antigo e universal. O salmista Davi escreveu: “Quando meu pai e minha mãe me desampararem, o Senhor me receberá” (Salmo 27: 10). A situação de abandono não poderia ter sido pintada em cores mais negativas: rejeitado por pai e mãe. O cúmulo da solidão humana acha aqui simbolismo gritante. Dele recebemos a idéia de ausência total de carinho, proteção, sustento, estímulo, educação e bases de identidade. Em ambiente como este, danos psicológicos, morais e sociais atingem a escala máxima. Mas é também deste ponto que o Salmista faz a afirmação de maior significado para toda a vítima de abandono: “O Senhor me recolherá” (Salmo 27: 10).
Esta mensagem não é utópica ou um tipo de esperança oca sobre a qual indivíduos solitários tentarão reinventar. Estamos, também, em presença de uma promessa garantida de Deus. Ele nos recolherá – não a um asilo de caridade “oficial”, mas à intimidade de Alguém que nos ama supremamente.
“Quando o meu pai e minha mãe me desampararem, o Senhor me recolherá”. A frase não prevê uma desgraça inevitável, mas acentua uma provisão animadora. Não há vida ou circunstância, por mais solitária, para a qual não haja o recurso da companhia de Deus.
É nas palavras do mesmo Salmista que achamos esta expressão de júbilo: “Até o pardal encontrou casa, e a andorinha, ninho para si e para sua prole, junto dos teus altares, Senhor dos Exércitos, Rei meu e Deus meu” (Salmo 84: 3). Todo e qualquer abandonado pela insensibilidade ou pela dureza de homens, tem ainda o Braço Redentor – o de um Deus ansioso por recolher quantos criou pelas Suas próprias mãos. Mas, como agência de Deus na sociedade, cabe também à Igreja estender e acolher desamparados. Se a missão é demasiado grande para as nossas forças inventariadas, lembremos que a Igreja Lhe pertence e Deus jamais falhou em providenciar recursos para a Sua própria Casa. Junto dos altares de Deus, a solidão e o abandono devem ceder lugar ao companheirismo responsável de pessoas irmanadas em Cristo.
Dr. Jorge de Barros